domingo, 12 de agosto de 2012

Coisas Belas e Sujas

As pessoas crescem e desaparecem.
Nos anulamos nas fórmulas do cotidiano, nas religiões do medo da morte e nas solidões dos momentos em que desejamos ser capaz de sentir qualquer coisa que não angústia por nós mesmos.
Sinceramente eu queria ser capaz de amar, de sentir verdadeiramente amor pelas pessoas, pelo mundo, mas existe um manto que me enobrece perante os fatos da vida na mesma intensidade que me distância de uma suposta fórmula de amar.
Eu sinto amor, por tudo e todos, mas não sou capaz de viver esse sentimento por nada nem por ninguém, preferindo a solidão como companhia perfeita daquilo que me desmente e me desestimula, sendo capaz de me perder em loucuras fáceis de pureza e inocência.
Eu não sou capaz de viver nada intensamente, nada que não minhas histórias e a arte que eu uso como droga para me aproximar delas... me aproximar delas...
Eu só aceito o que é belo, essencialmente emblemático, e por mais que a arte se torne relevante nesse hemisfério de pensamento, o turbilhão de pensamentos tortos, a confusão da mente e principalmente as vozes que gritam e brigam para me definir, vão me transformando no velho amargurado de amanhã; o mesmo que agora senta em sua escrivaninha, a alguns dias do fim, e repensa todas as histórias de luz que poderia ter vivido, mas não conseguiu, porque não quis querer.
Se pelo menos as pessoas fossem essas essências todas, mas nunca o são, sendo frágeis e pequenas em um mistério indecente, quase como um odor tolerável de rosa com carniça.
E o pior é que não consigo me calar, e grito sempre, o mais alto que posso, para estas mesmas pessoas que me confundem os sentidos, que não consigo fazer nada que não falar de mim, para mim, o tempo todo e para elas ouvirem. 
Somos mesmo coisas belas e sujas.


Ouvindo: Bright Eyes "The difference in the Shades"


4 comentários:

  1. Ficou mesmo lindo, não ando conseguindo ver as coisas belas, apenas as sujas, mas é como voc~e diz, e eu acho que as sujas são belas.

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  2. Parabéns pelas belas palavras!
    Realmente, é difícil se aproximar das pessoas quando não há uma compreensão mútua, um objetivo em comum. O único sentimento que elas realmente nutrem umas pelas outras é o de posse, seja no amor, no ódio ou nas escalas intermediárias. Não sei se você concorda, mas cuido que é essa a razão de as relações parecerem tão "antinaturais".
    =]

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  3. São esses pequenos grandes detalhes de ver e sentir a vida que temos tudo em comum.........Não é a tôa que vc é meu filho virtual, mas no fundo parece visceral. Tens as palavras certas para descrever sentimentos que acabo descrevendo com palavras erradas, mas que entendes muito bem.
    Nossa depressão nos aproxima de uma forma que chega a ser poética. Não foi por um acaso que nos conhecemos e nutrimos um sentimento parecido diante da vida.
    Mas vc é jovem, continue e não fique como eu: PQ NÃO QUIS QUERER.............
    Beijo Grande e muita saudade de nossas conversas!
    Sua mamis virtual
    Lidia Mara

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