sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Carta de amor...

          Nos meus 16 anos (tudo começou aí), ou um pouco depois, eu me apaixonei por uma garota que, por um motivo qualquer, me deu uma certa atenção especial sobre um determinado assunto. Aconteceu que eu escrevi uma carta pra ela, que hoje, anos depois, me soou hilária, mas com uma conotação inocente que me fez sorrir de orelha a orelha. Eram bons tempos aqueles, onde eu vivia a incerteza de sentimentos plenos não esperando que nada fizesse sentido.       
          Acho que nem preciso dizer que eu NUNCA enviei a carta para ela, acho que funcionava só como desabafo mesmo...
          E para efeito de eu não me sentir um idiota maior (nem sei mais por onde anda a amada em questão) eu vou chamá-la carinhosamente de Fulana...
          Eu escrevi o seguinte:

________________________________

          Oi!
          Sabe "Fulana", eu sou muito sozinho, e carente também. Não sou o tipo de pessoa – e a isso eu somo toda uma desestrutura familiar – que está acostumada a perceber que alguém possa nutrir algum tipo de afeto, carinho, ou atenção especial por mim. 
          Sendo assim aconteceu em relação a você o que sempre ocorre comigo quando eu me sinto bem e um pouco amado por alguém... 
          Antes de ir mais a fundo nisso tudo, eu gostaria de pedir pra que você não leve tudo isso muito a sério (até porque eu já vi esse filme antes e, acredite, ele é bem ruim), e que me desculpe se, por algum infortúnio, eu venha a te magoar; mas o fato é que graças àquela nossa conversa do outro dia (lembra aquela sobre o Peter Pan?), a atenção inadvertida que você tem em relação a mim em alguns momentos e principalmente esse seu jeito doce e carismático de ser; eu me apaixonei pra valer. Sim, eu posso dizer que hoje eu estou apaixonado por você, como já estive por tantas outras garotas em tantas outras ocasiões tão ou quase tão especiais como essa...  Mas o fato é que é pra valer.
          Já me bastou um oi, um sorriso (que nem sabia ao certo se era pra mim), um questionamento do tipo qual o meu nome, ou mesmo um "jóia" e pronto, um ano de análise... Com alguns amigos, é claro. 
          Mas não se preocupe, eu sou bem capaz de assassinar este sentimento em mim. Basta algumas boas músicas antes de dormir e um pensamento massivo em histórias e personagens meus, que tudo volta ao normal (eu juro!) e toda essa desestabilidade fica mais estável e por conseguinte aceitável também.
          No pior dos cenários, você vira um personagem em algum conto e eu acabo por te matar, em uma metáfora clara do assassinato do sentimento que eu sinto por você.
          Não é o que eu quero, nunca é, mas é o que precisa ser feito...
          Eu não sou bom com sentimentos e, desculpe a sinceridade, você não parece ser o tipo de garota que olha um garoto com problemas emocionais e diz: “Opa, esse é pra mim”. 
          Mas esse é o fato: Eu, hoje, estou apaixonado por você, tende a durar pouco, mas aconteceu, e antes de eu colocar em prática o meu lado serial killer de sentimentos, eu gostaria mesmo que você soubesse disso, para saber que é especial e que como eu pode ter alguém te espreitando em pensamentos. 
          Pronto, não foi assim tão difícil, no mínimo você deve estar pensando: “como esse cara exagera as coisas”, “ que cara estranho”, ou com sorte “QUE LINDO!”, mas esse é o caso e eu só queria que você soubesse logo disso. 
          Devo dizer que o melhor em uma confissão escrita é não precisar olhar para o rosto da amada, isso realmente é bem reconfortante, e no meu caso em especial MUITO reconfortante, porque existe a possibilidade que depois de você ler isso eu nunca mais te olhe nos olhos; enfim... 
          Terminei, agora pode falar... 

________________________________

#euri