quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

#18 Chalanas


Este é um projeto alternativo, que foge um pouco do formato do canal, mas ainda sim, a meu ver, merece um espaço no conteúdo até aqui oferecido.
Natal de 2009, eu e meus colegas do restaurante chalanas nos reunimos para uma confraternização. Tendo acabado de comprar minha tão sonhada câmera, decidi fazer um vídeo e posteriormente descobri minha paixão por esta forma de expressão digital. Este documentário foi meu primeiro projeto em vídeo, e porque não dizer, o marco zero no canal "Terceiros Fragmentos" que viria a nascer exatos um ano após esta primeira brincadeira. 
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*Atenção para a errata aos 04:46 onde a loira que é apresentada se chama Rose, e não Ana como aparece no vídeo.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Medo Apenas...

Existe uma coisa, que desde muito pequeno, me moldou e se definiu como meu maior medo e dilema de vida. Não é nada que não seja medo e dilema para todas as outras pessoas que amam seus pais, como eu os meus. 
Hoje eu quase perdi meu pai, meu herói, meu ídolo... Que aterrorizante foi se entregar em pensamentos de solidão, em frente a esse mesmo computador, de mãos atadas, assistindo minha tia me contar o que ninguém teve coragem de me dizer, e que sobrou pra ela fazer de maneira tão melancólica, chorando pela idéia de me ver chorar.
Desde as onze horas de ontem ele estava infartado. Com o coração fraco, confundindo as dores abdominais e queimações com diagnósticos simplistas e mesquinhos, se anulando na esperança de anti-ácidos efervescentes, copos de água vázios e leites gelados do tipo B... 
Meu Deus, ele quase ousou fazer isso comigo.
Depois de quase morrer sozinho nos corredores de um consultório que limpava de madrugada e de experimentar as dores e as ardências de um coração que de tão fraco convidava o vômito para aliviar-se de martírio, o meu pai decidiu procurar ajuda, e depois de choros, multas de trânsito, alguns sinais de lealdade e uma ponte de safena, ele se sai bem, e ainda brinca de se testar na mesa de uma UTI nos Estados Unidos da América.
Foi um dia complicado por lá. Teve uma ambulância cruzando a quinta avenida com as sirenes ligadas fazendo as luzes da cidade insignificantes por alguns segundo, teve uma irmã sendo punida por um guarda de trânsito que não entendia uma palavra do que ela gritava na rua, mas parou para ouvi-la e recuou quando entendeu o desespero de filha, teve também mãe deixando diferenças de lado, para se unir pela causa maior da vida: a morte, ou o medo dela.
E por aqui teve apenas alguém que suava muito as mãos, olhava no relógio de um em um minuto, e que pensava em rezar, pedir para que nada acontecesse nunca, escolhendo palavras vazias para se expressar para um Deus, não se conformando em ser apenas um ator coadjuvante.
O dia 6 de dezembro poderia ter sido um dia cruel. Poderia ter sido o pior dia da minha vida, um dia de choros convulsivos, de loucura disfarçada de lágrima, mas não, hoje foi só o susto, a certeza de que filho nenhum jamais estará preparado para esse momento, a triste sabedoria de como é ruim estar longe e ver gente que a gente ama com um coração desamparado.


Para quem ousar apreciar: "Naquela Mesa" de Sérgio Bittencourt para Jacob do Bandolinho. 
Pela prece dessa música demorar ainda bastante tempo para fazer sentido pra mim: