quarta-feira, 23 de março de 2011

Alemanha


Minha busca me trouxe para uma pequena cidade em Bremen, Alemanha. A rotina nessa pacata cidade tem me fascinado, não pelo meu trabalho em si que carrega toda sorte de fatos dos quais me são bem sabidos, mas por uma estranha áurea de pureza e simplicidade que cada habitante carrega consigo. Desde os capuccinos matinais que alguns velhinhos tomam todos os dias, até a hora do sorvete que todas as crianças anseiam depois da aula, esta cidade vem ganhando um admirador às escondidas, disposto a contemplá-la, se deixando influenciar artisticamente e esperando alguma relevância com isso.

terça-feira, 15 de março de 2011

Encontros e Desencontros


Não se pode fazer um omelete sem quebrar os ovos"...

Essa é uma frase que levo comigo desde sempre e que em muito vem resumindo a minha vida. Para viver um sonho, precisei dizer tchau para uns e adeus para outros, vivi momentos de muita dificuldade, chorei bastante, e foi bom chorar... Agora é esperar as mudanças acontecerem, e analisar, no fim de tudo, se valeu mesmo a pena apostar na saudade...

Aconteceu...

Post relacionado com o vlog "Encontros e Desencontros" do canal Terceiros Fragmentos


Aconteceu de eu ir embora da Califórnia dia 10/03 último e dos Estados Unidos um dia depois, em um inquietante 11/03, não por menos um número que costuma reger minha vida com base em princípios básicos bem pessoais.
A despedida da califórnia trouxe tristeza e incerteza para o meu coração, não pelo fim de algo que poderia ter sido e que não foi, mas por, uma vez mais, me separar do meu pai, nesta que já se tornou minha trajetória pela vida em busca de me encontrar em mim mesmo, na arte que busco e principalmente no sistema que insiste em conspirar conta minha essência.
Mas meus fatos não falavam por mim quando eu decidi levar a idéia da ruptura definitiva com os Estados Unidos a sério, e digo isso fazendo menção ao fato de que o fazia, sem o consentimento de minha mãe, cujo relacionamento tinha se desgastado a ponto de enfrentarmos 5 meses de um não contato que me gelava a alma.
Sempre fui da máxima: Quer que a sua vida vá para a frente? Comece organizando as coisas a sua volta... Mas mesmo eu me fiz hipócrita neste conceito ao perder a amizade e o respeito da minha mãe. Não me coloco como culpado aqui, tampouco vítima, acho apenas que as coisas aconteceram porque era inevitável não acontecer e eu sinto muito por isso...
Mas aconteceu. Deixei o meu amado pai para trás e isso me causou um considerável número de lágrimas no aeroporto, e até um chek-in humano por parte da atendente que se comoveu em ver um marmanjo se acabando daquele jeito quase a ponto de molhar a camisa e se desfigurar por inteiro...
Mas como tudo, acabou, meu pai voltou para casa e desta vez sozinho (é isso o que mais me entristece a alma, ele sozinho lá e eu sozinho aqui... Porque diabos nós não podemos ficar sozinhos, juntos?)
O vôo originalmente marcado para às 11:45 teve um atraso recorde... Foram 6 horas de um chá de cadeira ninja, mais uma hora e meia de vôo por cima do aeroporto JFK pelo fato do piloto não ter permissão para aterrisar, tudo isso somado às 4 horas e meia padrão de viagem, totalisando inacreditáveis 11 horas de uma viagem que quando muito se faz em 5. 
Some isso a uma conexão perdida, uma mala extraviada, uma estadia - tudo inclusa - no chão do aeroporto, do lado da única tomada que tinha, carregando o meu cel, enquanto esperava dar 4 horas da manhã para abrir o guiche da companhia para eu remarcar a passagem; e você terá uma idéia do pesadelo que foi a madrugada de quinta para sexta...
(Vale ressaltar que acompanhei de perto a trajédia no japão, nesta mesma madrugada, enquanto ia contando quantos vôos iam sendo cancelados para Tóquio).
Mas levei tudo de boa, sabia que não faria mais conexão na Polônia e que por isso teria que encarar a idéia de adiar o meu sonho de pisar no mesmo solo que o Kieslowski pisou... Mas até aí tudo bem.
O que mais me incomodou, foi o que instantes depois pareceu ser a revelação de uma lógica incontestável do destino: O vôo que eu fui remarcado saia, estranhamente, às 5:30 da tarde daquele mesmo dia, e o que eu ia ficar fazendo em New York, lugar onde tinha vivido a maioria dos meus dias de escravidão americana, onde tentava conviver com a idéia de sair sem me despedir das poucas, porém inesquecíveis, personalidades que tão bem fizeram parte da minha história ao longo dos últimos 3 anos?
Pois logo entendi: eu tinha até o por-do-sol para reviver a magia de Mount Vernon, uma última vez, ajeitar as coisas com a minha mãe e, de quebra, comer uma última vez o pão de queijo do Nei.
E assim eu fiz. Cuidei dos detalhes da minha mala extraviada, liguei para o meu primo as 4:30 da manhã, o tirei da cama para ele vir me buscar no aeroporto, e tudo começou a se transformar, no que seria uma triste e cansativa viagem, em uma jornada de um dia em busca de reconciliação, despedidas, provas de amor e de carinho por partes de todos que aprendi a amar.
Desde o restaurante que trabalhei por longos dois anos, e os amigos dali, até uma passada rápida na casa do Hugo e da Érika, grandes fragmentos, tudo em companhia do meu primo Flávio, eu me diverti, ri e me emocionei incontáveis vezes... 
Nossa, como todos ali gostam de mim, e como ser querido assim faz bem pra alma da gente... Até meu antigo chefe quase se desfez em lágrimas quando me entregou seu e-mail me fazendo prometer que iria escrever sempre contando as novidades, mandando fotos e com isso treinando o meu inglês.
Mas foi ao momento mais delicado que eu guardei boa parte do pouco tempo que dispunha. Fui ver minha mãe. Me despedi uma última vez do meu querido primo Flávio, que desde o começo esteve comigo em quase todos os detalhes desta minha jornada pessoal, aguentando o meu mau humor, quando este se fez irresistível, e me pus a bater na porta da casa da minha mãe, às 9:45 da manhã, esperando e rezando para ser bem recebido.
Qual não foi a minha surpresa ao constatar uma mãe cheia daqueles cremes faciais, e perdida em lágrimas me abraçando e me abençoando, levantando às mãos em prece, agradecendo por me ver antes de ir embora.
Chorei muito cara, precisava disso... Filho tem que estar bem com mãe e pai, e isso é uma regra básica da vida... 
Conversamos, rimos, saímos, tomamos café juntos, fomos no trabalho da minha outra irmã para eu me despedir, voltamos ao restaurante de outrora para comermos, ganhei uma refeição e um último Monster por conta da casa, e depois de muito procrastinar, corremos para o aeroporto, onde acertamos os detalhes da mala extraviada, fizemos um último check-in e nos perdermos em lágrimas uma úlitma vez. 
Foi bom despir por completo a imagem de horas atrás de um rapaz sozinho em um aeroporto, de frente para o portão de desembarque 14A, que, ironicamente, a três anos atrás, me acolhia em solo americano.
Era melhor assim, com lágrimas de check-in humano...
E aí sim, o vôo para a Itália se fez calmo, com a alma lavada, dormindo como nunca dormi em um vôo, o sono dos sem turbulência.
Uma pena três anos de Estados Unidos terem tantos altos e baixos, mas de certo modo eu sou grato a terra do tio Sam. Me preparou como ninguém para a dura realidade dos fatos da vida, e na última hora me concedeu uma última tarde com todos, isso mesmo, todos os meus amigos, porque todos apareceram ali, seja por coincidências, sejam por ligações feitas escondidinhas, seja por obrigação, eu dei um abraço em todo mundo, e isso me fez muito bem.
E agora sim eu estou pronto...
Que venha a Europa e as cenas dos próximos capítulos, =)

terça-feira, 8 de março de 2011

How can you stay outside?

Quando eu fiz o vlog sobre personalidades, eu mesmo não me ative a profundidade da questão. Fui feliz em devaneios, porque os sei ser, mas jamais poderia me ater para o que busco em essência, porque está na essência de tudo, todos os segredos das coisas no mundo.
Se olhassemos de cima, veríamos um quadro pintado, cheio de tons de cinza, transparentes e brutos, e não veríamos vida. Não veríamos os cachorros a latirem, as crianças a brincarem, as músicas a colorirem o todo; não, veríamos somente uma escala de cores simplistas, nada nem muito profundo e nem muito pessoal.
Mas se fixássemos nossos olhos, poderíamos ver pontos de luzes e cores a discorrerem do todo, fugindo do compasso, se perdendo na obra em si e se esbaldando em vida... Sim, veríamos essências perdidas por aí, pingando, e seriam várias.
Para essas essências poderíamos dar o nome de personalidades, e seria maravilhoso vê-las brincar por aí, se perdendo em noites de carnavais, em poemas singelos, em amores não correspondidos, em devaneios existencialistas e em tentativas de se expressar... Porque estranhamente esses pontos querem se expressar, parecem gritar para o mundo e a todo momento, porque eu acho que às vezes eles se sentem terrivelmente sós, e precisam de alguém para conversar. 
Daí eu me pergunto, desistindo de olhar de cima para baixo e passando a fazê-lo de baixo para cima. O que nos faz coloridos? Cheios de vida, soltos por aí, nos perdendo em si mesmos, fazendo a vida desmentir a razão?
Porque nascemos para gritar? E porque gritar parece ser só o que sabemos fazer?
Porque parece que estamos do lado de fora do trem, da festa, da loja de conveniências...
Vagamos sós, não sendo um ponto frente ao imenso mozaíco, não por missão de vida, mas porque não sabemos ser outra coisa.
E por vezes, alguns pontinhos se chocam, se quebram, se fragmentam, porque não são pessoas, são pontinhos, e estes são essências, e são elas que vagam pelo mundo sem precusar fazer sentido pleno, mas o fazendo. 
E sempre que se encontram e transformam a pintura pálida em paletas de cores raras perdidas por aí, o todo se faz mágico, e a mágia se faz presente...

sábado, 5 de março de 2011

Personalidades... Parte 2 (Corrente das 5 Coisas)


 A questão fundamental desta continuação, segue a corrente das cinco coisas que ninguém sabe sobre mim - com um adendo - que de certa forma definiram a minha personalidade...
Algumas horas, devido a alguns assuntos serem bem pessoais, meio que me foge a oratória, mas eu não me importo, não mais... Eu sei que para algumas pessoas queridas, alguns assuntos aqui, como o bullyng na escola, podem ser uma novidade não muito agradável, mas a coragem de expor assuntos como este em vídeo, traz a essência da proposta desse canal implícita em todo o seu contexto... Por isso, mesmo sendo difícil, eu o fiz...

quinta-feira, 3 de março de 2011

Carta

Carta escrita para uma amiga, sobre o choque cultural e suas variáveis, em 3/3/2011, via Facebook

Minha querida... No meu blog, escrevi um post, o qual entitulei "depoimento", e originalmente o era de fato, e para você... Acho engraçado e um tanto quanto estranho nossas mentes, de uma certa forma, procurarem abrigo um nas palavras do outro...
Eu me espelho na europa, não sei porque, pelos mesmos motivos que talvez você insista em ficar; esperança de encontrar alguma plenitude. Mesmo sabendo que o problema não está no país em si, mas dentro da gente, a gente segue buscando essas questões, como se a fossemos encontrar do lado de fora, em algum lugar novo, um lugar que o cinema ajudou a rotular como lindo e mágico.
O pior é que eu sei que eu não vou encontrar nada aí, sei da minha ilusão, mas isso é tudo o que eu tenho. Estou indo para aí, possívelmente para trabalhar em uma sorveteria na Alemanha, sem folga, em condições piores que aqui... Mas é que aqui eu não aguento mais, preciso acreditar nessa ilusão, vive-la, e busco na minha arte, meus livros, esses vídeos tolos, qualquer coisa que me redima, alguma maneira de poder viver a plenitude das minhas histórias...
Você sabe o meu dilema, ele é sério, jamais terei o amor que procuro, e o único capaz de me saciar, fico sublimando isso, e preciso seguir buscando, seja lá o que for, porque o dia em que parar, eu simplesmente vou acabar...
Eu te entendo, talvez seja a única pessoa capaz de fazê-lo, não tenho conselhos, a vida é barra. Vendo você aí, assim,  eu me enxergo, daqui a alguns meses, e eu sei disso, mas por hora, vou me apegar a idéia de que alguma coisa vai me bastar, alguma coisa vai fazer tudo ser menos penoso aí do que o é aqui, e que - pelo sim ou pelo não - eu vou encontrar o que procuro, seja lá o que isso for...
Chego na Itália dia 11 de março, daqui a uma semana, e espero poder, um dia, te encontrar, para quem sabe, abrandarmos nossos corações...
O mundo é cruel amiga, especialmente para nós, exemplares sonhadores...




Personalidades... Parte 1


Geralmente eu posto o vídeo, mas este vou deixar apenas o link, porque, infelismente, não consegui colocá-lo aqui: 


Pode o que nos forma e nos define, também nos assustar? Seriam as nossas personalidades o motivo que nos separa, e implaca um mundo intolerante e preconceituoso?
O que sei sobre as personalidades e as pessoas em geral, é que - na grande maioria das vezes - eu me apaixono por todos aquelas, cuja personalidade intrínseca ao indivíduo em questão, se derrama pra fora, formando uma poesia em forma de ações, que não só a definem, como a individualizam perante o todo... Reside nisso alguma plenitude, indefinida em um primeiro momento, mas que vale a pena ser buscada.