domingo, 13 de abril de 2014

Melancolia

Tem dias que o dia parece acontecer sem a gente.
A passividade da melancolia, este altruísmo inglório, assassina propósitos, mas inspira com uma intensidade motivacional. Pessoas como eu que escrevem sobre coisas, desabam em linhas enquanto o coração busca alternativas para não sucumbir a esta depressão singela da alma.
Nada clínico, a melancolia é estágio esperado do fardo que é ou foi amar; no meu caso foi. Mas não escreveria sobre meus encontros e desencontros no amor, escrever sobre isso não é limpo, amar não o é, eu só escrevo sobre o que vale a pena escrever, e se pelo fardo de amar algo me acende a alma, este algo é a melancolia.
Dizem que o tempo cura, mas o tempo não cura, o tempo afoga, transforma coração em pedra e trinca a porcelana do nosso caráter.
Quebrar-se em mil pedaços é o que cura, porque amar é desculpa para machucar e se machucar.
O processo todo nos transforma em fantasmas que percorrem dias, somos como filmes em preto-e-branco, mas sem a intenção de se-los, queremos ardentemente voltar a ser projeção colorida em tela com sala cheia, mas nos tornamos filmes medianos exibidos para ninguém, um doloroso fracasso de público.
Ninguém aplaude a melancolia.

Ouvindo: Suede "The 2 of us"