quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Trens...

(pensamento redigido em meu celular em uma de minhas tantas viagens cotidianas nestes transportes públicos da vida)

Eu juro que se eu pudesse eu tirava fotos das pessoas do trem. Eu encontro gente de todos os tipos e é sempre tão fascinante!
Tem os "leitores-assíduos", seres que se compenetram tão facilmente em suas leituras que não percebem caras e bocas. Eu sei direitinho quando a passagem do livro de um destes é medonha, quando é engraçada ou quando é trágica. Tem uma aqui na minha frente que meio que se abraçou, e outro dia posso jurar que uma ficou um minuto e meio em silêncio e saiu de luto na baldeação de Francisco Morato.
Vale ressaltar que uma vertente comum deste grupo, são os "ouvintes-assíduos" ou os "escutadores de música", eles são tão complexos, que prometo, qualquer dia desses, um post só sobre eles.
Voltando aos básicos, temos também os "encaradores de olhares", pessoas que te olham olhar para outras pessoas. O difícil é que eu nunca consigo saber se é fascínio ou se é libido o que esse povo tanto olha e procura. Eu me considero um "encarador de olhar" discreto do tipo não libidinoso, mas nem todos são, tem gente que a graça está em te deixar sem jeito, te encarando desconfortavelmente.
E tem também as "estátuas vivas", sempre divertidíssimas! Pessoas que não mudam suas expressões durante toda a viagem, e se o fazem soa repentino, todo mundo assusta.
É o máximo do máximo do máximo se apaixonar no trem...
Eu dificilmente puxo conversa com alguém, porque se o fizesse ia querer facebook e tudo o mais e eu não quero correr o risco de ser mal interpretado.

Ouvindo Electric Wave Bureau - Colours

sábado, 26 de outubro de 2013

O centro

O centro de qualquer ser reside exatamente no ponto para onde se volta quando se está descansado e desarmado.
Não existem surpresas quando regressamos ao centro de nossa emoção. É onde gostamos de estar, mesmo que isso resulte em magoarmos pessoas ou anularmos convencionalidades, o que retorna te retoma e não adianta lutar contra isso.
Questão de essência.
Tenha uma boa noite de sono e dialogue com a pessoa que vai acordar, preguiçosa e desajeitada, dentro de você. Ela te dirá muitas coisas acerca da vida e do que você chama de rotina. Além do que, ela é excelente companhia para monólogos, filmes e música.
Racionalizando sobre isso, já atormentado desde meus 16 anos, dei um nome para meu centro, e um nome para meus dois hemisférios, esquerdo e direito. Não me perguntem qual lado é exato e qual é humano, mas o Mike é esquerdo e é mau, um lobo de olhos brancos, triste e revoltado, mas não porque o deseja ser, mas simplesmente porque o é, e não o levem a mal, ele sofre com isso. O centro fica a cargo do Tommy (por causa dos Power Rangers, eu adorava o Tommy) e ele é sábio tanto para domar, escutar o lamento e prender a fera Mike quanto para consolar e brincar com o direito, a sempre enigmática Aninha, que é uma criança personificada em inocência, ternura, melancolia e beleza, tão lírica, que todos meus livros começam com ela, a têm, e terminam com ela.
Tommy, Aninha e Mike. Eles estão comigo e me são diariamente.
E você, quem acorda com você diariamente e te mostra os prazeres da melancolia?
O Tommy que escreveu isso.

Ouvindo  Belle and Sebastian - Little Lou, Ugly Jack, Prophet John

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Nós, os estranhos...

Hoje no trem fui tomado por uma angústia maravilhosa, da qual não abro mão, e me tornei sensível a todos os tipos de som. Abri a mente e meu coração fez-me repousar a visão em pontos específico de um mapa imaginário que corria pela janela do trem e tudo se transformou em uma bela cena de cinema, onde a sombra colorindo a todos os insensíveis a minha volta era a fotografia perfeita e pessoas conversando ao meu lado a mise-en-scène que faltava.
Enfim, pessoas que ouvem "This Will Destroy You" pelos motivos certos e entendem de que geração Thom Yorke é voz, estas nunca aprendem, e estão maravilhosamente amaldiçoadas pela tristeza lírica que é ser o eu se é em um mundo onde as pessoas estão sempre muito ocupadas sendo perfeitas e fazendo sentido, sempre!
Como Amanda Palmer no clássico "Delilah" - we schizos never learn...
Não é que as vezes eu não queira escrever nada, ou não encontre nada que valha a pena ser escrito, é que meu eu artístico se tornou a sublimação de um caos interno, mas atualmente este meu mundo caótico e imaginário se encontra suspenso, já a alguns dias hibernando devido a alegria de dias bons.
Quando uma pessoa nasce para a discórdia, dias de alegria tendem a ser cansativos e as vezes até evitados; algo como um sol que ofusca os olhos e a mente também. Pessoas sorrindo se tornam datadas e falsas, unhas ruídas são exemplares, pessoas introspectivas em transportes públicos apaixonantes e a tradução para um dia de descobertas geralmente é um filme bom e a solidão maravilhosa que é se deixar ser encontrado por ele. Nada de parques, shoppings ou lugares onde pessoas se amam as avessas.
Todos gostamos de dias de alegria, mas eu sei exatamente para onde vou voltar quando toda essa novidade acabar e eu estou ansioso por isso.
Me aguarde Aninha, pois estou voltando.

Ouvindo The Dresden Dolls - Delilah