quinta-feira, 3 de março de 2011

Carta

Carta escrita para uma amiga, sobre o choque cultural e suas variáveis, em 3/3/2011, via Facebook

Minha querida... No meu blog, escrevi um post, o qual entitulei "depoimento", e originalmente o era de fato, e para você... Acho engraçado e um tanto quanto estranho nossas mentes, de uma certa forma, procurarem abrigo um nas palavras do outro...
Eu me espelho na europa, não sei porque, pelos mesmos motivos que talvez você insista em ficar; esperança de encontrar alguma plenitude. Mesmo sabendo que o problema não está no país em si, mas dentro da gente, a gente segue buscando essas questões, como se a fossemos encontrar do lado de fora, em algum lugar novo, um lugar que o cinema ajudou a rotular como lindo e mágico.
O pior é que eu sei que eu não vou encontrar nada aí, sei da minha ilusão, mas isso é tudo o que eu tenho. Estou indo para aí, possívelmente para trabalhar em uma sorveteria na Alemanha, sem folga, em condições piores que aqui... Mas é que aqui eu não aguento mais, preciso acreditar nessa ilusão, vive-la, e busco na minha arte, meus livros, esses vídeos tolos, qualquer coisa que me redima, alguma maneira de poder viver a plenitude das minhas histórias...
Você sabe o meu dilema, ele é sério, jamais terei o amor que procuro, e o único capaz de me saciar, fico sublimando isso, e preciso seguir buscando, seja lá o que for, porque o dia em que parar, eu simplesmente vou acabar...
Eu te entendo, talvez seja a única pessoa capaz de fazê-lo, não tenho conselhos, a vida é barra. Vendo você aí, assim,  eu me enxergo, daqui a alguns meses, e eu sei disso, mas por hora, vou me apegar a idéia de que alguma coisa vai me bastar, alguma coisa vai fazer tudo ser menos penoso aí do que o é aqui, e que - pelo sim ou pelo não - eu vou encontrar o que procuro, seja lá o que isso for...
Chego na Itália dia 11 de março, daqui a uma semana, e espero poder, um dia, te encontrar, para quem sabe, abrandarmos nossos corações...
O mundo é cruel amiga, especialmente para nós, exemplares sonhadores...




Um comentário:

  1. Putz... Falou sobre mudanças ou o medo delas, ou a necessidade delas mesmo tendo medo. É fogo, a vida é dureza, parece que às vezes só o se movimentar, sair de onde está já trás certa dose de esperança. Cruel, fico imaginando o que existe no futuro para nós, e pior, depois de todas as batalhas, tudo alcançado ou desistido, a gente velhinho, olhando pra tudo como se tivessemos nos preocupado á toa.

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